Coaching Executivo: Entre o Ruído das Redes e o Valor Real para a Liderança

Nos últimos tempos, o termo “coach” tem sido alvo de piadas, chacotas e desinformação, inclusive entre alguns dos meus amigos. Mas o que realmente está por trás desse julgamento rápido e, muitas vezes, superficial?

Atuo no desenvolvimento de líderes e equipes há anos e, ao longo desse tempo, venho acompanhando de perto essa polêmica. Tenho colegas que são coaches experientes e outros que observam esse movimento com certo ceticismo. Essa convivência me levou a refletir mais profundamente sobre o tema.

As redes sociais transformaram o termo “coach” em um espetáculo: um vídeo viral, uma frase de impacto e pronto, o julgamento é feito. Poucos são os que conseguem distinguir quem realmente atua com seriedade, formação e ética, daqueles que apenas performam para ganhar visibilidade.

Curiosamente, ninguém fala em “ex-palestrante” ou “palestrante fake”, mas o rótulo de “coach” vem, muitas vezes, carregado desses adjetivos. E isso é injusto. O coach profissional trabalha em silêncio, com ética, criando um espaço seguro para conversas que não têm lives ou palcos como cenário.

Os desafios do coaching no LinkedIn

Embora o coaching esteja presente em muitas postagens e perfis, nem sempre seu conceito é utilizado com profundidade ou, sequer, com respeito. A proliferação de mensagens superficiais, frases feitas e promessas fáceis pode gerar desconfiança e até desgastar a reputação da prática. Além disso, o uso excessivo de jargões e clichês transforma o coaching em algo pouco autêntico, perdendo seu verdadeiro potencial transformador.

Revalorizando o coaching: Reflexões sobre Desenvolvimento com Propósito

Para mim, o coaching verdadeiro é uma jornada, não um show. É um processo confidencial e individualizado, no qual o coach não entrega soluções prontas, mas provoca descobertas. A construção é feita junto com o coachee, que é, sempre, o verdadeiro especialista na sua vida.

Enquanto os cursos e palestras ficaram mais curtos, mais “divertidos” ou superficiais, vejo no coaching um dos poucos espaços disponíveis para refletir com profundidade, integrar cognição e emoção, e clarear sobre propósito, contexto e futuro.

Acredito que todo processo de desenvolvimento precisa começar com autoconhecimento. Nada se transforma de verdade sem uma conexão profunda com os próprios sentidos. Por isso, é fundamental que as metodologias adotadas permitam essa conexão com a história, com as relações e com o papel vivido pelo coachee na organização, além de considerar os seus desejos pessoais.

Como resgatar o valor do coaching na era digital?

Para que o coaching seja reconhecido como um recurso genuíno de desenvolvimento, é fundamental que profissionais e organizações busquem consistência e seriedade na sua aplicação. Isso passa pela escolha de uma formação qualificada, construção de relações de confiança e foco no impacto real das ações, não apenas na comunicação superficial. Além disso, refletir criticamente sobre o conteúdo compartilhado, aqui mesmo no LinkedIn, pode ajudar a separar o que é útil do que é apenas ruído.

O Coaching que Importa: Discrição, Alinhamento e Impacto no Desempenho

O coaching executivo também não é um fim em si mesmo. Ele só faz sentido se gerar impacto real no desempenho e nos resultados — seja em clima, custos, performance ou engajamento. O desenvolvimento do executivo precisa estar alinhado com o contexto operacional da empresa.

Nesse sentido, reforço sempre a importância do alinhamento entre o coaching, a cultura da empresa e as expectativas do papel do executivo. A identidade organizacional não pode ser ignorada no processo — pelo contrário, ela deve ser o pano de fundo para qualquer transformação efetiva e mensurável.

E, claro, não se trata de mágica: qualquer mudança verdadeira exige continuidade, consistência e tempo. O coaching, como outras práticas de desenvolvimento, precisa ser parte de um processo maior, integrado às outras ações da empresa — e não um ato isolado.

Reflexões Finais

Se há algo que realmente diferencia os líderes de maior impacto que conheci, não é (apenas) sua competência técnica, mas sim sua inteligência emocional: a capacidade de acessar suas emoções, entender como elas afetam seus comportamentos e usá-las a favor das relações, criando contextos mais saudáveis e produtivos.

Isso me leva a algumas perguntas que quero compartilhar aqui, como provocação para todos os genuinamente interessados no tema, sejam coaches, candidatos a coachees ou compradores corporativos de processos de coaching executivo:

  • Qual metodologia realmente contribui para o desenvolvimento profundo de líderes hoje?

  • Estamos criando, para esses líderes, oportunidades reais de tempo e “espaço” para refletirem sobre o que realmente lhes importa, tanto no desenvolvimento pessoal quanto profissional?

  • Como podemos usar o LinkedIn para fortalecer o coaching de forma verdadeira e sustentável, evitando modismos e superficialidade nas publicações, leituras ou comentários?

  • Conseguimos identificar um coach ético, preparado e profissional, e diferenciá-lo de um candidato a “guru” ou “celebridade”?

Minha convicção é clara: o coaching é um caminho poderoso — não o único, mas um dos mais significativos que conheço. Podemos cuidar dele começando, inicialmente, por compartilhar conteúdo verdadeiro, trocar ideias que somam e buscar conexões que ajudam no crescimento.

Assim, o coaching poderá se tornar uma ferramenta cada vez mais eficaz para realmente transformar carreiras, vidas, equipes e organizações.

O coaching merece mais do que postagens vazias (e espero que esta aqui não seja considerada uma delas!), ele merece compromisso e o prestígio de ser um gerador de resultados reais.